Como posso te ter
se estamos de passagem?
Como posso te ver,
te ouvir, te sentir
Se o tempo corre e nos perde
nos perdemos nele
e ele em nós?
Como é possível que as palavras te alcancem
te toquem
te emocionem
Se quando as digo, já perdi
Se quando penso no que vou dizer,
já foi?
Que tempo é esse que nos rouba de nós mesmos
e num piscar de olhos
onde está você?
Onde estou eu?
E nós, onde foi parar?
Tempo vivo é esse que passa por nós,
um instante passageiro que nos obriga a colher,
Colher o presente que ele mesmo trás,
Colher a brisa e as maçãs,
Colher o bem-te-vi na árvore
os pássaros em voo
e o seu beijo suave...
Tempo nos envia cartas de amor
e no remetente não coloca seu nome,
Já sabemos quem é.
Já experimentamos tantas vezes esse sentimento
que se tornou nosso,
uma sensação de pura presença passageira
e eterna...
É isso que o tempo é
e também nós,
Instantes...apenas...
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