"Há momentos em que tudo o que a gente precisa
é dar colo para o próprio coração.
Aconchegá-lo.
Deixar que perceba que naquele
instante todas as outras coisas podem nos esperar um pouco; ele, não.
Ele é o nosso rei e o nosso reino.
O papel para desenho e a caixa de lápis de cor.
A música e a orquestra.
Nossa bússola e nosso mar.
A flor, o pólen, a borboleta, ao mesmo tempo.
A colmeia e o mel.
O centro onde tudo principia e para o qual tudo converge.
Ele não pode esperar.
O coração da gente gosta de atenção.
De cuidados cotidianos.
De mimos repentinos.
De ser alimentado com iguarias finas,
como a beleza,
o riso,
o afeto.
Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão
e sentamos com ele para brincar.
E há momentos em que tudo o que ele precisa
é que preparemos banhos de imersão
na quietude para lavarmos,
uma a uma, as partes que lhe doem.
É que o levemos para revisitar,
na memória,
instantes ensolarados de amor
capazes de ajudá-lo a mudar a frequência do sentimento.
Há momentos
em que tudo o que precisa
é que reservemos algum tempo a sós com ele
para desapertá-lo com toda a delicadeza possível."
~Ana Jácomo~
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